Como (Karl) Marx Se Tornou Muçulmano

Mais alguns escritores ocidentais destacando as raízes modernas dos ensinamentos de Sayyid Qutb. John Gray escrevendo em “The Independent” sob o título “Como (Karl) Marx Se Tornou Muçulmano”:

O Marxismo Soviético não saltou de um mosteiro Ortodoxo. Foi uma das mais belas flores do Iluminismo Europeu. Igualmente, a URSS não era nada se não fosse um regime Iluminista. O estado Soviético era o veículo de um projecto de ocidentalização do começo ao fim. A Guerra Fria foi uma briga familiar entre ideológicos ocidentais, em que versões rivais do universalismo político lutavam pela hegemonia.

Hoje, estamos assistindo a uma represe daquela luta incompreensível. Claro, muita coisa mudou. Ao contrário do comunismo, o Islamismo Político não pretende ser secular. Somente por esta razão, é um enigma para muitos que ainda mantêm a fé atávica do século 19 em que a secularização é a onda do futuro. Mas a visão de que algo chamado “o Ocidente” está sob ataque de um inimigo estrangeiro é tão equivocada agora como era na Guerra Fria.

O fundamentalismo Islâmico não é um crescimento indigno. É um exótico híbrido, criado a partir do encontro de secções da elite intelectual Islâmica com ideologias ocidentais radicais. Em “Uma Fúria por Deus”, Malise Ruthven mostra que Sayyid Qutb, um Egípcio executado após aprisionamento em 1966 e provavelmente o ideólogo mais influente do Islamismo radical, incorporou muitos elementos provenientes da ideologia Europeia em seu pensamento. Por exemplo, a ideia de uma vanguarda de crentes militantes não tem uma raça Islâmica. É “um conceito importado da Europa, através de uma linhagem que se estica até aos Jacobinos, através dos Bolcheviques e por último a guerrilhas Marxistas como o gang Baader-Meinhof.”

Em uma brilhante esclarecedora e surpreendentemente legível análise, Ruthven demonstra as afinidades próximas entre o pensamento Islâmico radical e a vanguarda de pensamentos modernistas e pós-modernos no Ocidente. A inspiração para o pensamento de Qutb não é tanto o Alcorão, mas a filosofia corrente ocidental incorporada em pensadores como Nietzsche, Kierkegaard e Heidegger. O pensamento de Qutb – o modelo para todas as subsequentes teologias Islâmicas políticas radicais – é tanto como uma resposta à experiência do século 20 na Europa de “a morte de Deus” como a qualquer coisa da tradição Islâmica. Qutubismo não é de maneira qualquer tradicional. Como todas as ideologias fundamentalistas, é inegavelmente moderno.

Extraído de: um artigo por John Gray no “The Independent” data de 27 Julho de 2002
Fonte: http://www.islamagainstextremism.com/

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